quarta-feira, março 26, 2008

Lula e Chávez visitam obra de refinaria sem acordo para empresa conjunta



Presidentes se encontram nesta quarta-feira em Pernambuco.

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez, da Venezuela, visitam nesta quarta-feira (26) as obras para a construção da refinaria Abreu e Lima, em Recife, sem que Petrobras e PDVSA, as responsáveis pela obra, tenham chegado a um acordo sobre os detalhes do investimento conjunto no local.O principal problema é a relutância da Petrobras em permitir que a estatal venezuelana entre no negócio de distribuição de derivados de petróleo no Brasil. Já está acertado que o petróleo pesado que será refinado em Abreu e Lima será fornecido em partes iguais pelos dois países, mas também não foi fechado, ainda, o acordo para a operação conjunta na exploração na Faixa do Orinoco, a contrapartida na Venezuela ao negócio em Pernambuco. De acordo com o governo brasileiro, os venezuelanos ainda não forneceram os estudos técnicos que mostram o volume de reservas comprovadas no local.
Uma reunião entre os presidentes da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, e da PDVSA, Rafael Ramirez, está marcada para a manhã desta quarta-feira. Mas, mas de acordo com integrantes do governo que acompanham a negociação, é possível que uma decisão sobre o assunto seja tomada apenas na reunião dos presidentes Lula e Chávez, no meio da tarde. "Quando duas petroleiras se juntam sempre tem problemas", disse à BBC Brasil o assessor de Relações Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, em tom bem-humorado. "Este assunto será decidido pelo presidente", afirmou. Garcia esteve em Caracas na semana passada preparando a reunião presidencial.
Cooperação
O tema central do encontro, segundo Garcia, são os acordos de cooperação técnica nas áreas industrial e agrícola. A Venezuela quer ajuda brasileira para desenvolver esses setores e reduzir a dependência das importações, com acordos de transferência de tecnologia em gestão de empresas e agricultura, com cooperação com Sebrae, ABDI (Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial) e Embrapa. O governo brasileiro também vem dizendo que quer diminuir o enorme superávit comercial que tem com o vizinho andino e tornar o comércio entre os dois países mais equilibrado. No ano passado, o Brasil exportou à Venezuela US$ 4,7 bilhões e importou apenas US$ 345 milhões. A diferença continua a mesma neste ano. Nos dois primeiros meses de 2008, as empresas brasileiras já exportaram US$ 608 milhões e importaram apenas US$ 69 milhões. Segundo Garcia, além do Brasil, outros países, como o Chile, estão interessados em investir na ampliação do parque industrial venezuelano.

Encontros
Esta será a terceira reunião presidencial desde setembro do ano passado, quando Lula e Chávez se reuniram em Manaus e acertaram que se encontrariam a cada três meses. Na época, quando se falava em afastamento dos dois presidentes, Lula disse que o problema era que eles estavam há muito tempo sem se encontrar. No encontro de Caracas os dois anunciaram que o contrato para a formação da empresa conjunta para a refinaria de Pernambuco seria finalizado, mas até agora isso não aconteceu. Lula e Chávez também devem discutir a crise na região no início do mês, quando a Colômbia atacou um acampamento das Farc em território equatoriano. Chávez saiu em defesa do Equador e rompeu relações com a Colômbia, retomadas depois de dez dias. Na ocasião, o Brasil condenou atitude colombiana e intermediou o fim do conflito nas reuniões do Grupo do Rio, na República Dominicana, e numa sessão extraordinária da Organização dos Estados Americanos (OEA) em Washington, mas insistiu que o assunto era bilateral e deixou Chávez de fora das negociações. Na reunião desta quarta-feira, Lula deve dizer a Chávez que o Brasil gostou do papel moderador e do tom conciliatório adotado pelo presidente venezuelano na reunião do Grupo do Rio. Durante a crise, Lula evitou falar ao telefone com Chávez, que o procurou algumas vezes logo no início do problema. Lula só ligou para o colega depois de dez dias, após a reunião da OEA.
Mercosul
Os dois presidentes também vão conversar sobre o processo de adesão da Venezuela ao Mercosul, atualmente em tramitação no Congresso brasileiro. No ano passado, Chávez ameaçou retirar o pleito para integrar o bloco se o Congresso demorasse a aprovar o projeto, mas depois deixou de falar no assunto.
No domingo, em Caracas, Chávez disse que a Venezuela "já é praticamente do Mercosul" e falou sobre a importância da integração latino-americana. O projeto enviado pelo Executivo já foi aprovado nas comissões temáticas da Câmara dos Deputados mas ainda precisa ser aprovada pelo plenário da Casa e pelo Senado. O maior obstáculo, no Congresso, é o senador peemedebista José Sarney, que apesar de compor a base do governo é contrário à entrada do país no bloco. A resistência aumentou no Congresso a partir das declarações de Chávez, no ano passado, de que o Congresso brasileiro "parecia papagaio de Washington", depois que o legislativo aprovou uma moção pedindo que o presidente venezuelano reconsiderasse o fechamento de uma emissora de televisão.
Também está parado há um ano o processo técnico de redução das tarifas para abrir os mercados entre a Venezuela e os outros quatro países do bloco. Durante a crise, Lula evitou falar ao telefone com Chávez, que o procurou algumas vezes logo no início do problema. Lula só ligou para o colega depois de dez dias, após a reunião da OEA.
Mercosul
Os dois presidentes também vão conversar sobre o processo de adesão da Venezuela ao Mercosul, atualmente em tramitação no Congresso brasileiro. No ano passado, Chávez ameaçou retirar o pleito para integrar o bloco se o Congresso demorasse a aprovar o projeto, mas depois deixou de falar no assunto. No domingo, em Caracas, Chávez disse que a Venezuela "já é praticamente do Mercosul" e falou sobre a importância da integração latino-americana. O projeto enviado pelo Executivo já foi aprovado nas comissões temáticas da Câmara dos Deputados mas ainda precisa ser aprovada pelo plenário da Casa e pelo Senado. O maior obstáculo, no Congresso, é o senador peemedebista José Sarney, que apesar de compor a base do governo é contrário à entrada do país no bloco. A resistência aumentou no Congresso a partir das declarações de Chávez, no ano passado, de que o Congresso brasileiro "parecia papagaio de Washington", depois que o legislativo aprovou uma moção pedindo que o presidente venezuelano reconsiderasse o fechamento de uma emissora de televisão. Também está parado há um ano o processo técnico de redução das tarifas para abrir os mercados entre a Venezuela e os outros quatro países do bloco.(BBC BRASIL)

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