Em Minas Gerais, houve a vitória no segundo turno de Márcio Lacerda (PSB), que durante a primeira etapa do pleito ficou escondido sob a sombra dos padrinhos políticos, o governador Aécio Neves (PSDB) e o prefeito Fernando Pimentel (PT). Mas isso não ajuda o tucano em seu projeto para 2010. Ao contrário: “Mesmo tendo feito seu candidato no segundo turno, Aécio sai menor que [José] Serra”, opina Kramer. Dentro do PSDB, os dois governadores travam uma disputa para serem escolhidos como candidatos do partido para as eleições presidenciais de 2010. Para Kramer, o governador de Minas investiu tanto no triunfo de Lacerda no primeiro turno que acabou obscurecendo a luz de seu candidato. O eleitorado não gostou. “Eles exigiram a cortesia mínima de saberem quem era o adversário de Leonardo Quintão.” A população não queria votar em alguém apenas porque era apoiado por Aécio. “Foi uma transferência negativa. O feitiço virou contra o feiticeiro”, comenta Fleischer.
Apoios decisivos
O peso do apoio de um governador foi notado no Rio de Janeiro. Eduardo Paes (PMDB) teve uma vitória apertada sobre Fernando Gabeira (PV) – com uma diferença de votos equivalente a menos da metade de um Maracanã. Segundo Kramer, isso demonstrou que, em certos casos, o governador Sérgio Cabral (PMDB) e o presidente Lula podem ser decisivos. Com o governo bem avaliado pelos cariocas, Cabral empenhou-se em eleger seu candidato e contou, para isso, com o apoio declarado do presidente da República a partir do segundo turno. O respaldo dos tucanos e a simpatia do eleitorado progressista do Rio não foram suficientes para que Gabeira superasse a união da máquina estadual com a federal. “O Sérgio Cabral mobilizou os vereadores eleitos na campanha do Paes e pôs a máquina para funcionar a favor dele”, opina Fleischer. Para ele, o governador do Rio “tirou” votos de Paes ao antecipar o feriado do dia do servidor público desta segunda-feira (27) para sexta-feira (24). No primeiro turno, a abstenção no Rio foi de 14% e, no segundo, de 20%. A saída de eleitores se concentrou no público de Gabeira, na opinião de Fleisher. “Isso tirou a vitória do Gabeira. Se o TSE [Tribunal Superior Eleitoral] fosse mais esperto, não teria deixado isso acontecer”. (Congresso em Foco)
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