quarta-feira, outubro 21, 2009

TV Pública no Brasil – Por Luciana Melo Ramalho



O Sistema Nacional de Radiodifusão Educativa no Brasil foi criado, informalmente, em 1979, mas só recebeu amparo legal em 1982. A TVE do Rio de Janeiro ficou com a responsabilidade da coordenação político-administrativa e pela operação da rede, por ser a única emissora com acesso ao satélite, um quadro que mudou a partir de 1993, quando a TV Cultura passou a contar com o mesmo acesso e a gerar programas para o sistema nacional.

O crescimento acelerado do número de emissoras educativas no país mudou, gradativamente,assim como o perfil e o projeto da rede, uma situação desencadeada a partir de 1989, quando uma portaria do Governo Federal atraiu a adesão de entidades privadas, universidades, prefeituras e grupos políticos para a implantação de TVs retransmissoras.

O exemplo mais conhecido de TV pública no mundo é a BBC de Londres. A rede ao longo dos seus oitenta e sete anos de existência se tornou um fenômeno de mídia no Reino Unido, enquanto a BBC World depende de publicidade, o dinheiro da matriz britânica vem de uma taxa anual de 116 libras cobrada por cada casa com aparelho de TV. Isso equivale a 12 centavos de libra por habitante e dá um orçamento de 2,5 bilhões de libras. “Esse sistema é bem aceito porque é a proposta inicial, e existe mesmo participação da sociedade e controle sobre o que deve ser exibido na TV ”, diz o professor da USP, Laurindo Leal Filho, autor do livro ‘A Melhor TV do Mundo, o Modelo Britânico de Televisão’.

A constante comunicação com a audiência também ajuda na identificação do público inglês com a emissora. Com oito canais de TV e cerca de 50 emissoras regionais, a BBC de Londres é hoje uma rede que se propõe a “entreter, educar e informar” e é usada por 90% da população inglesa, segundo informações institucionais.

O controle é feito com uma administração bem definida: diretor-geral mais 12 diretores, todos se reportando a um Conselho Curador que representa o povo. Esse Conselho monitora o que é feito na BBC e faz um relatório anual apresentado à população e ao Parlamento. Modelo bastante eficiente, segundo a pesquisadora Tereza Otondo: “Se o Brasil quiser se inspirar na BBC pode começar por sua rigorosa prestação de contas anual.”

No Brasil a discussão tem sido bastante acirrada no que diz respeito a EBC e a sua programação, sobretudo no Congresso Nacional onde a oposição alega que a TV pública é usada como mais uma ferramenta de auto promoção do governo Lula,alguns chegam a chamá-la de Lula News... já a base governista defende que a participação popular é o referencial e o balizador das atividades.Brigas e pelejas à parte o fato concreto é que a TV pública no Brasil ainda não mostrou a que veio.

Os próprios dirigentes da TV assumem as dificuldades para superar as resistências no Legislativo: “No Senado, reconhecemos que a situação é mais difícil. A situação política é de uma oposição mais forte, aguerrida. É onde as propostas do governo têm mais dificuldade na sua tramitação”, reconhece Tereza Cruvinel, presidente da Empresa Brasileira de Comunicação - EBC. “Tudo isso faz parte do processo democrático”. Mas de democrática a EBC não tem mesmo nada, só é possível trabalhar lá por indicação de algum membro influente do PT, leia-se (ministro,senador ou deputado federal), além do mais a programação é muito ruim!A tela fica preta durante a exibição do principal telejornal, este tipo de ‘falha técnica’ é coisa de amadores, quem é do meio sabe o que digo...E para completar o ministro das comunicações do presidente Lula, o senhor Franklin Martins, em Brasília mais conhecido por Franklinstein e a própria Tereza Cruvinel distorceram a recente pesquisa feita pelo Datafolha para tentar negar o seu fiasco de audiência. Logo abaixo você pode ler parte do texto que a EBC divulgou sobre a pesquisa:

“Com menos de dois anos de existência, a antiga TVE e atual TV Brasil, já é conhecida por um terço da população brasileira, ou 34%, dos quais 15% já assistiram ao canal e 10% o assistem regulamente. A programação é considerada ótima por 22% dos telespectadores e boa por 58%, totalizando 80% de aprovação. Entre os que costumam assistir a TV Brasil em casa, 42% sintonizam o canal por antena parabólica. Os resultados são de pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha.


(…) Em consulta espontânea sobre os canais mais freqüentemente assistidos, a TV Brasil foi mencionada por 1% dos entrevistados, juntamente com outros canais abertos e fechados menos conhecidos. Na consulta estimulada (pesquisador menciona o nome do canal), 15% dos entrevistados disseram já ter assistido ao canal alguma vez e 10% declararam assisti-lo atualmente.
Três programas destacaram-se na preferência destes telespectadores: Programa de Cinema (filmes), com 34%, o telejornal Repórter Brasil - Noite, com 31% e o programa Sem Censura, com 26%. São preferidos ainda os Documentários (24%), Repórter Brasil - Manhã (20%), Programas Musicais (19%) e os Programas Infantis (17%)." Eita!

Aqui em Brasília os comentários sobre a referida TV é que ela ainda não aconteceu, é o que tecnicamente chamamos de ‘traço’, ou seja, ninguém assiste.Percebemos a nítida manipulação da informação. 34% conhecem a TV Brasil - “conhecem”, ???????? No entanto apenas 15% já assistiram a sua programação alguma vez na vida .Mas Atenção!!!É bom que se entenda que são 15% dos 34%, entenderam? A pesquisa se refere ao total de brasileiros — 190 milhões — ou de telespectadores — 52 milhões? Digamos que se refira a todo o povo. Então 64,6 milhões sabem da existência da TV Brasil, mas apenas 9,69 milhões a sintonizaram alguma vez na vida — 5% da população. Passaram a ver regularmente o canal, 10% (dos 34% ou dos 15%?). Se for dos 34% (hipótese favorável), são 6,46 milhões de pessoas — 3,4% dos brasileiros.Viu a confusão? Percebeu o trocadilho nas informações divulgadas? Bem , o que se sabe é que na TV Brasil os seus programas ficam invariavelmente abaixo de 1 ponto no Ibope. Cada ponto, nesse tipo de verificação, é referido aos domicílios realmente existentes. Uma pesquisa que pretenda medir audiência deve ter como universo os… telespectadores! Que não são os 190 milhões de brasileiros. Eles são estimados em 52 milhões de pessoas atualmente no Brasil. Mais um vexame nacional e um péssimo modelo de TV Pública.

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