Acordei sentindo-me abraçada. Um abraço morno e aconchegante de boas-vindas. Encolhi-me em seus braços, fiz deles ninho e me senti protegida. Era junho. Os dias amanheciam frios, azuis, sem nuvens. Dias de tarde cheias de sol, convidativas. Sair sem destino, observar a paisagem verde salpicada de cores e emoldurada pelo anoitecer enrubescido tornava o passeio uma terapia. Não era minha terra, mas era como se fosse.
Nessa terra criada, inventada pelo homem até a natureza misturava o nativo e o estrangeiro. E seus filhos também eram frutos dessa mistura. E mesmo seus netos traziam, além da carga genética, costumes, hábitos e culturas miscigenadas. Por isso nunca me senti uma forasteira. Sou parte dela. Com ela cresci, amadureci e finquei raízes. Solo generoso que supriu minhas necessidades me fez forte. Brasília é mãe, pai e para os de minha geração que a escolheram como terra uma irmã, um pouco mais velha, que na ausência dos pais cuida, afaga, briga, ama. Adota.
Em seus cinquenta anos sempre recebeu a todos de braços abertos. Houve quem não se deixasse abraçar. Houve quem lhe virasse as costas. Houve ainda quem lhe fizesse mal. E mesmo nesses momentos mais sofridos de sua existência e luta para ser reconhecida como cidade-mãe de todos os brasileiros, nunca deixou de dar as boas-vindas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário