terça-feira, outubro 05, 2010

Marina Silva, 'fiel da balança', rouba cena na imprensa estrangeira

A candidata derrotada do Partido Verde (PV) à Presidência, Marina Silva, roubou a cena dos dois principais postuladores ao cargo nas reportagens sobre as eleições brasileiras publicadas nesta terça-feira na imprensa internacional.

Com quase 20 milhões de votos (19,2% do total) obtidos, a candidata é tratada nas reportagens e editoriais por expressões como "grande vencedora" da disputa, "fiel da balança" no segundo turno, detentora da "chave das eleições" brasileiras e de um capital político que "vale ouro".

Outros artigos interpretaram a votação maciça em Marina Silva como sinal de que a sociedade brasileira se recusou a "passar um cheque em branco" para a candidata do PT, Dilma Rousseff, apesar do alto nível de popularidade de seu mentor, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Como resumiu o diário espanhol El Mundo, "tanto Dilma como (o candidato do PSDB, José) Serra eram personagens secundários" no dia seguinte às eleições, embora ambos tenham obtido, juntos, 80% dos votos.
"A única triunfadora foi Marina Silva, a ex-ministra rebelde e defensora do movimento ecologista, que protagonizou uma incrível subida na reta final da campanha", escreveu o jornal.

No artigo, denominado "Marina Silva, chave da herança de Lula", o repórter do diário espanhol diz que "o cofre que guarda a herança de Luiz Inácio da Silva permanecerá fechado por outras quatro semanas".

"Só Marina tem as chaves do cofre. Ela será o árbitro da segunda rodada."

'Injeção de vida'

Seguindo raciocínio semelhante, o também espanhol El País diz, em editorial, que "os ecologistas se converteram na formidável surpresa das eleições" brasileiras.

"O único claro é que tanto Dilma Rousseff quanto José Serra terão que negociar o programa ambientalista e a política de desenvolvimento sustentável da Amazônia defendida por Marina Silva", diz o jornal.
Na Grã-Bretanha, a votação da candidata do PV despertou entusiasmo. O The Guardian afirmou que Marina Silva se tornou "figura central" na disputa.

O austero diário financeiro Financial Times disse que a ex-ministra do Meio Ambiente foi "a única candidata que injetou vida" na disputa entre a "dama-de-ferro" (Dilma) e o "coveiro" (Serra).

"É uma reversão total do que parecia uma conclusão feita: que o país está crescendo economicamente, que os mercados estão escalando as alturas, e que a incessante campanha de Lula ao lado de Rousseff inevitavelmente lhe daria a vitória em uma bandeja."

Já o Independent publicou um editorial qualificando o desempenho de Marina Silva de "extremamente promissor".

"O futuro econômico do Brasil não pode ser comprado à custa do meio ambiente", defendeu o jornal. "Mais que nunca o mundo precisa de um Brasil verde".

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