Os países emergentes, entre eles Brasil, China e Índia, serão responsáveis por quase metade do crescimento econômico mundial em 2011, segundo estimativa do Banco Mundial (Bird) divulgada nesta quarta-feira.
A estimativa do banco é de uma redução no ritmo do crescimento da economia mundial em 2011, depois de uma expansão de 3,9% em 2010. O Bird prevê um crescimento de 3,3% em 2011, e de 3,6% em 2012.
Para o Brasil, o relatório prevê um crescimento do PIB real de 4,5% em 2011 e de 4,1% em 2012.
A média de expansão econômica entre os países ricos deverá ficar em 2,4% em 2011. Entre os países em desenvolvimento, a média prevista é de 6% .
“É um sinal encorajador, não apenas da saúde dessas economias, mas também do crescente papel que elas vêm desempenhando na economia global”, diz Andrew Burns, gerente de Macroeconomia Global do Grupo de Perspectivas de Economias de Desenvolvimento do Banco Mundial.
Burns alerta, no entanto, que o cenário positivo pode mudar caso haja um agravamento na situação fiscal de alguns países europeus.
"Essa possibilidade não apenas reduziria o potencial de crescimento da economia europeia, como também poderia resultar em consequências negativas em países emergentes", diz.
O estudo afirma que de uma maneira geral a economia do mundo vem passando “de uma fase de recuperação pós-crise para um crescimento mais lento, porém ainda sólido neste ano e no próximo”.
Melhora acentuada
O estudo aponta para uma melhora considerável no cenário econômico na região da América Latina e Caribe.
Segundo o documento, a região conseguiu sair da crise global de maneira positiva, em comparação tanto com o desempenho do ano anterior como com a recuperação de outras partes do mundo.
Para 2010, o Bird prevê que o PIB regional tenha crescido para 5,7%, “semelhante à média registrada no surto de crescimento verificado no período 2004-2009”.
Segundo o relatório, a leve redução do ritmo de crescimento regional prevista para 2011 (para cerca de 4%), se deve a fragilidades na conjuntura econômica em outras partes do mundo.
O Banco Mundial também chama atenção para países da região que estão vulneráveis a fluxos de capital que podem desestabilizar a economia.
A atividade econômica da região começou a se recuperar na segunda meta de 2009, com a produção industrial crescendo 10% durante o quarto trimestre.
Com exceção do Chile, o crescimento industrial agregado da região se manteve alto em 2010 e cresceu 9% no primeiro trimestre. O terremoto do Chile – ocorrido em fevereiro – provocou uma queda de 30% do crescimento do país no período.
O Banco Mundial também destaca a situação do México, afetado pela crise provocada pela gripe H1N1.
Inflação
O relatório aponta para a pressão inflacionária enfrentada pelos países Bric, em particular a China e a Índia. A exceção no bloco seria a Rússia, onde o fortalecimento do rublo tem contribuido para o declínio da inflação.
A situação das commodities também ganhou um capítulo à parte no relatório, que afirma que a recuperação de preços iniciada em 2009 se manteve em 2010.
Os preços atuais dos alimentos – considerados relativamente altos, segundo o banco – estão tendo diferentes impactos em cada região.
Em algumas economias, “a desvalorização do dólar, a melhoria das condições econômicas locais e o aumento dos preços de bens e serviços significam que o preço real dos alimentos não aumentou na mesma proporção que a cotação do dólar para produtos alimentícios básicos, comercializados internacionalmente.
‘Ônus da pobreza’
Burns, no entanto, faz um alerta, seguido de uma advertência: “Aumentos de dois dígitos nos preços de alimentos básicos nos últimos meses estão exercendo pressão em alguns países, especialmente em parcelas da população que já sofrem um pesado ônus de pobreza e desnutrição.”
“E se os preços globais dos alimentos aumentarem ainda mais, juntamente com o preço de outros produtos essenciais, não se poderá excluir uma repetição das condições verificadas em 2008”.
O Banco Mundial conclui seu relatório afirmando que a forte recuperação que vem marcando as análises mensais recentes deve perder fôlego nos próximos meses.
No entanto, a expectativa é de que as taxas de crescimento anuais sigam se fortalecendo, especialmente nos países em desenvolvimento.
O estudo conclui ainda que a intensa participação desses países é uma tendência que deve se manter nos próximos anos e nas próximas décadas, mas alerta para os “desafios significativos que continuam existindo à frente, como um entrave para uma recuperação tranquila”.
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