quinta-feira, julho 07, 2011

Bolsa brasileira tem o segundo pior desempenho do mundo no ano

Ibovespa cai 9,72% em 2011 e só perde para a Grécia

O índice de ações brasileiro, o Ibovespa, tem este ano a segunda pior performance entre as principais bolsas do mundo. Só perde para o mercado que enfrenta a pior crise dos últimos meses, o da Grécia. Em 2011, até o fechamento desta quarta-feira, o Ibovespa caiu 9,72%. O indicador Athex, de Atenas, mostra perda de 10,48%. Entre os BRICs, a Índia tem a segunda pior queda, de 8,7%. Já Rússia sobe 1,04% e China está praticamente estável, a 0,09% de alta.

No mundo desenvolvido, as demais bolsas da Europa também operam com ganhos, à exceção de Portugal, que perde 6,09%. Sobem Espanha, Paris, Frankfurt e Londres (veja gráfico). Estados Unidos também apontam valorização.

Para especialistas, vários motivos contribuem para deixar a Bolsa brasileira na lanterna dos rendimentos com ações no mundo. Inflação e juros em alta, preocupações com crescimento menor da economia, forte peso das commodities no Ibovespa e até mesmo sua liquidez maior, em relação a outros emergentes, estão entre os principais.

“Bolsa não gosta de desaceleração econômica e juro em alta”, resume José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator. Quando a economia não cresce o esperado, as empresas tendem a lucrar menos, o que afeta o preço das ações. Já uma taxa de juros em alta provoca transferência de investimentos da renda variável para a fixa. “Em dezembro, já tínhamos avisado aos clientes para não entrar na Bolsa, pois seria um ano ruim para as ações.”

O forte peso das commodities no índice também pesa em 2011. “Os preços das matérias-primas sobem num contexto de baixo crescimento dos países desenvolvidos. Esse fato, somado aos receios de que a China esteja superaquecida, contribui para gerar expectativas de queda nas cotações das commodities, o que afeta Petrobras e Vale”, diz Reginaldo Alexandre, presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais em São Paulo (Apimec).

Petrobras e Vale ainda sofreram com problemas específicos, lembra Gonçalves. A empresa de petróleo ficou mais pesada em Bolsa após a oferta de ações para captar recursos para o pré-sal. Na operação, o mercado ficou inundado de papéis da estatal, o que contribui para baixar seu preço. Vale, por sua vez, sofreu com rumores sobre sua sucessão.

Alexandre diz ainda que a Bovespa paga agora o preço do próprio sucesso. Ao se tornar um mercado atrativo nos anos anteriores, a bolsa atraiu muitos investidores, o que fez seu giro financeiro crescer bastante. Essa movimentação alçou o Brasil ao posto de mercado emergente mais líquido. A movimentação é positiva, mas também significa que, com mais dinheiro para negociar, é mais fácil para um aplicador entrar e sair da Bovespa do que da Russia.

“Em determinado momento deste ano, houve uma migração dos emergentes para os Estados Unidos, quando a economia norte-americana dava sinais de recuperação”, relembra. À época, o Brasil sentiu mais, pois era justamente o que tinha mais gordura para queimar.(IG)

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