quarta-feira, maio 23, 2012

Cachoeira faz o Congresso ficar menor

Cachoeira faz o Congresso ficar menor



O deboche e a ironia do contraventor Carlinhos Cachoeira em audiência na CPI mista do Congresso Nacional que investiga a suposta quadrilha comandada por ele deixaram o Congresso Nacional menor.

Mesmo avisados por seu advogado Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça do governo Lula --- portanto, ex-chefe da Polícia Federal que colocou Cachoeira na cadeia ---, sobre o silêncio do bicheiro, deputados e senadores quiseram o espetáculo deprimente de terça-feira.

O parlamentares preferiram o palco, os holofotes e o espaço nos meios de comunicação. Resultado: ficaram menores do que Cachoeira na encenação.

Uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que tem em mãos um arsenal de provas colhidas em investigações da Polícia Federal --- que já foi comandada pelo advogado de Cachoeira, faço questão de repetir ---poderia ter dispensado o triste espetáculo.

Mas os nobres parlamentares não perderiam a chance de aparecer diante dos holofotes das TVs em seus embates como oposição e como governo.


Que moral tem uma CPMI como essa para ouvir um contraventor exatamente quando se divulga que o presidente da comissão, senador Vital do Rego (PMDB-PB), emprega em seu gabinete uma funcionária-fantasma?

E que junto com a divulgação da maracutaia, pela Folha de S. Paulo, vem a declaração do pai da jovem, um jornalista, contando que a contratação da filha foi a forma encontrada para o pagamento de reportagens favoráveis a Vital do Rego na Paraíba?

E mais: Vital do Rego é integrante do Conselho de Ética do Senado Federal. Precisa dizer mais alguma coisa, leitor?

Gente assim é facilmente cooptada por qualquer Cachoeira da vida.

No mais, acredito que a escolha do ex-ministro da Justiça como defensor de Carlinhos Cachoeira tem como finalidade controlar o contraventor para impedir que o governo federal seja atingido pelas revelações sobre a quadrilha.

Tarefa difícil até para o ex-ministro da Justiça, já que a 5ª Vara Criminal de Brasília atendeu pedido do Núcleo de Combate ao Crime Organizado (NCOC) do Ministério Público e quebrou o sigilo bancário e fiscal de vários CNPJ da Delta, no período de janeiro de 2009 até os dias atuais, segundo reportagem do Correio Braziliense.

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios denunciou o cliente do ex-ministro da Justiça pelos crimes de formação de quadrilha e tráfico de influência ao tramar uma fraude na licitação para o contrato de bilhetagem eletrônica no transporte público de Brasília.

Somente fatos como esses poderão fazer a CPMI ir adiante, além da briga para ver quem incrimina quem. Até agora, um acordo está permitindo livrar governadores do PSDB, PT e PMDB.

Além do tucano Marconi Perillo (GO), do petista Agnelo Queiroz (DF), do peemedebista Sérgio Cabral (RJ), está na gaveta a convocação do dono da Delta, Fernando Cavendish, amigo de Sérgio Cabral.

A Delta é o xis da questão porque pode macular o governo da companheira Dilma Rousseff. E a maioria governista está ali para proteger o Palácio do Planalto e quem mais for possível salvar.

Uma parte da ironia estampada no rosto de Carlinhos Cachoeira, que chegou sem algemas no prédio do Congresso, tem raízes no conhecimento que ele tem do funcionamento corrupto dos poderes da República.

E também no fato de ter como advogado o ex-ministro da Justiça, ex-chefe da Polícia Federal, amigo de juízes e ministros dos tribunais superiores, e também do ex-presidente Lula, por exemplo. Precisa de proteção maior, leitor?

Somente sua excelência, o fato, poderá fazer ruir essa fortaleza em torno de Cachoeira e da companheirada do PT, PSDB, PMDB etc.

Quando o dinheiro roubado é do contribuinte, o assalto é suprapartidário.(Valdeci Rodrigues)

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