Os planos para uma cidade instantânea no Mar Negro
Para chegar ao local onde o governo da Geórgia está abrindo terreno para Lazika, sua grandiosa cidade do futuro, é necessário atravessar diversos rebanhos – vacas felpudas e grandes porcos malhados, que tomam sol na estrada, ao canto hipnótico de inúmeros sapos.
Ao longo do caminho, é possível encontrar opiniões variadas sobre a proposta de construir uma cidade para meio milhão de pessoas aqui, numa faixa de terra pantanosa próxima ao Mar Negro, um projeto baseado no conceito chinês de cidade instantânea.
Khatia Ochiava, professora numa vila de 330 habitantes ao lado do local das obras, é tão inspirada pela ideia que assiste, praticamente todos os dias, a um vídeo promocional do governo – cuja animação por computador mostra um conjunto de arranha-céus no estilo Dubai e um movimentado porto de carga. Ela já está planejando abrir um restaurante chamado Cafe Lazika.
Outros, como Kakha Pachkua, de 38 anos, têm suas dúvidas a respeito dos planos. Megreliano, do grupo étnico que vive nesta região há séculos, ele trabalha ao lado das obras e garante que o solo aqui é tão saturado que os edifícios propostos exigiriam alicerces com 25 metros de profundidade.
"Qualquer megreliano lhe dirá que é impossível construir aqui", disse ele, observando as terras úmidas. "Lazika é apenas uma palavra. Nada mais. Aqueles prédios são enormes; não sei se o pântano conseguirá segurá-los."
As autoridades do governo não têm muito tempo para discutir com os céticos. O acelerado ritmo da nova construção não permitiu discussões públicas sobre o financiamento do projeto, seu impacto ambiental ou mérito. Apesar das questões levantadas em todos esses tópicos, o primeiro prédio de Lazika – uma futurista Câmara de Serviços Públicos para a nova cidade – já está em construção, com inauguração prevista para setembro. Dentro de dez anos, segundo o presidente Mikheil Saakashvili, Lazika será a segunda maior cidade da Geórgia atrás de Tbilisi, que tem população de 1,5 milhões, e um grande centro comercial no Mar Negro.(NYT)
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