Mais escolarizados perdem 8% da renda em 10 anos
O salário médio mensal dos trabalhadores com mais anos de escolaridade recuou entre 2002 e 2011 no Brasil. A média de salário dos profissionais com 12 anos ou mais de estudo caiu 8% nesse período, de R$ 3.057 para R$ 2.821. A variação já desconta a inflação do período. Isso significa que o poder aquisitivo desse grupo caiu em 10 anos.
O recuo do salário na faixa mais escolarizada ocorreu por diversos motivos. Foi influenciado pelo modelo de crescimento dos últimos anos passando até pelo descompasso entre as profissões escolhidas pelos universitários e a demanda do mercado de trabalho.
Esse descompasso, aliás, ficou mais evidente na área de humanas. "O salário caiu mais na área de humanas, porque houve um aumento no número de profissionais", afirmou Naercio Menezes Filho, coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper e responsável pelo cruzamento do avanço médio salarial com os anos de escolaridade. Os dados têm como base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).
O setor mais educado também viu aumentar a concorrência na última década. Os trabalhadores passaram mais tempo na escola, elevando a fatia dos brasileiros com ensino médio e superior em andamento ou concluído. Ou seja, houve mais ofertas de trabalhadores dessa classe. E muitos profissionais podem ter ingressado no nível mais elevado de escolaridade, mas com o mesmo salário, o que reduz a média de ganho da categoria. "Nos últimos anos, as pessoas ficaram mais tempo na escola e a oferta de profissionais com ensino médio e superior aumentou. O crescimento da escolaridade também foi impulsionado pelo aumento do número de universidades privadas", disse Naercio.
Crescimento. Já a dinâmica da economia brasileira, de impulsionar o setor de serviços, fez com que a maior alta salarial fosse registrada entre os menos qualificados. Logo, cabeleireiros, manicures, pedreiros e jardineiros sentiram mais o ganho salarial. Na faixa dos profissionais com zero a quatro anos de estudo, por exemplo, o aumento médio foi de 32% no período - o salário pulou de R$ 566 para R$ 745. Para os menos escolarizados, também pesou a política de aumento real do salário mínimo dos últimos anos.
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