Os brasilienses decidiram se proteger por conta própria. O Distrito Federal aparece, proporcionalmente à população, como a unidade da Federação com a maior quantidade concedida de porte de arma no país. Está à frente de metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro. Em Brasília, entre 2012 e 2013, a Polícia Federal liberou 881 autorizações, uma média de 352,4 por milhão de habitantes. Os números são do Sistema Nacional de Armas (Sinarm), da Polícia Federal. Em 2012, Brasília teve 521 licenças liberadas e 360 em 2013. Dessas, 652 (74%) — destinadas a vários tipos de uso, como segurança privada e caça — são temporárias, ou seja, podem ser suspensas a qualquer momento caso a pessoa cometa algum tipo de transgressão. Outras 72 foram liberadas especificamente para defesa pessoal (comprovada a necessidade). Mas a autorização para o cidadão ter uma arma é motivo de polêmica entre especialistas e parte dos moradores do DF. Enquanto uns acreditam que os índices de mortes violentas poderiam ser reduzidos com o desarmamento, outros defendem o porte como necessário para proteção e defesa pessoal.
Uma das principais preocupações no aumento de civis armados está na possibilidade de revólveres, pistolas e espingardas legais caírem nas mãos dos criminosos. De janeiro a outubro de 2013, 1.967 armas de fogo foram apreendidas na capital federal, ou 196 por dia. Do total, 23% estavam com adolescentes infratores, segundo levantamento da Secretaria de Segurança Pública do DF.
O medo tem levado a um incremento de registros de matriculados em cursos nas escolas de tiro de Brasília. Há três anos, o Clube Esportivo de Atiradores, Colecionadores e Caçadores do Distrito Federal (Ceac/DF) tinha cerca de 300 alunos. Hoje, há, aproximadamente, 1,1 mil associados. “Esse aumento mostra que o cidadão está farto de tanta impunidade. Vivemos hoje uma violência crescente muito por conta da nossa própria legislação, que é branda e não pune o criminoso como deveria”, avalia o presidente da entidade, Pérsio Cláudio Montibello.
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