quarta-feira, janeiro 20, 2010

...Brasília...Por Luciana Lopez






Acabo de ler dois artigos muito interessantes que estão me fazendo pensar e repensar sobre todos estes artigos que venho escrevendo ao longo desses dois anos de blog. A minha proposta sempre foi falar (escrever) sobre o cenário político nacional e internacional, e tenho procurado fazer isso de forma imparcial e ética. As minhas últimas postagens têm sido especificamente sobre a situação política aqui em Brasília.

São tantos escândalos, tanta falta de decência por parte dos envolvidos que confesso que dá um desânimo e uma total descrença quanto ao futuro. Fico aqui me perguntando, não como jornalista política, mas como cidadã: será que ainda vale à pena viver no Brasil? O cidadão brasileiro vive cotidianamente uma verdadeira lavagem cerebral de muitos anos, desde os tempos do Império, em geral muitas pessoas já nem se questionam mais sobre como é ser cidadão no país do pão e circo.










Fomos todos, ou pelo menos muitos de nós, catequizados a estudar, dar duro na vida para poder ter um bom emprego para honrar as contas ao final do mês, pagar a previdência social para depois ter uma aposentadoria e que aposentadoria! Nos acostumamos a entender o trabalho como o primeiro e talvez o mais importante de nossos valores...Todo mundo quer trabalhar, todo mundo quer “estar” empregado, ou ser funcionário público, todo mundo que eu conheço, pelo menos aqui em Brasília, todos têm um sonho em comum:passar em um concurso público!E eu me acho um E T. Eu tenho tantos outros sonhos em minha vida, nunca me vi levando uma vida presumível, uma vida em um mar de acontecimentos esperados. Pelo contrário!Não acredito que o Estado deva ser cada vez maior, o Estado precisa ser cada vez menor, esse delírio coletivo de sonhar o mesmo sonho está empobrecendo a capacidade do povo brasileiro, em especial o brasiliense. Que saco! Todo mundo é concurseiro buscando uma vida estável nesta cidade.



 Brasília engendrou uma burocracia funcional institucionalizada que proporciona contratos milionários que geram rentáveis e dispendiosos empregos, sobretudo aos cofres da nação. Não tem nada mais “in” do que a cultura do corre-corre, da falta de tempo para a vida, para o descanso, para a alegria, para a família ou até mesmo para procurar um trabalho que realmente se goste, todos têm dois, três celulares tocando incansavelmente com toques frenéticos e enlouquecedores. E talvez eu não me encaixe, talvez eu deva ser um E T mesmo por aqui. Eu entendo a vida de forma mais fácil, com menos agonia, com mais alegria, ou com mais vontade, mas com uma vontade real, minha vontade, não a vontade dos outros porque não consigo rir sem alegria ou gritar sem entusiasmo.

No entanto vivo em Brasília que para além de ser a “Ilha da Fantasia” é também a cidade do faz de conta, um teatro a céu aberto. A cidadela onde todo mundo é importante, todo mundo é autoridade e quem acompanha a política nos bastidores fica cada vez mais envergonhado de ser brasileiro, de ver tantos coitados, pobres de espírito e de valores morais mandarem e desmandarem nos destinos e nas vidas de um povo. Nós somos muito pacíficos, aceitamos o inaceitável, nos limitamos a sofrer, sem reclamar...Não sei, não sei mesmo para onde estamos indo...Estou desencantada com as nossas atitudes, com as nossas poucas e vis demandas para este país.Estou pensando seriamente  em  retornar ao voluntariado na Cruz Vermelha e na Anistia Internacional...

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