quinta-feira, janeiro 07, 2010

Jornal francês vê 'aumento de tensão' entre Lula e militares





 
O vazamento de um relatório das Forças Armadas brasileiras recomendando a compra de caças suecos ameaça criar um atrito entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os militares, segundo afirmam alguns dos principais jornais franceses nesta quinta-feira.

“Braço de ferro entre Lula e os militares”, diz o diário Les Echos na capa de sua edição desta quarta-feira, observando que há “um aumento na tensão entre Luiz Inácio Lula da Silva e seu Exército”.
Em setembro, durante uma visita do presidente Nicolas Sarkozy a Brasília, Lula havia manifestado a sua preferência pelos caças franceses Rafale, fabricados pela Dassault.

Mas uma reportagem publicada na terça-feira pela Folha de São Paulo afirmava que um relatório da Aeronáutica enviado ao Ministério da Defesa apontava o caça Grippen NG, da empresa sueca Saab, como a melhor opção entre três concorrentes para a renovação da frota brasileira.
Segundo a reportagem da Folha, os Rafale teriam ficado apenas em terceiro lugar na avaliação, atrás do F-18 Super Hornet, da americana Boeing.

Convivência pacífica

“Após um longo período de convivência pacífica alimentada pelos projetos de modernização do arsenal e da vontade de transformar o Brasil em grande potência, o clima se deteriorou subitamente no Ano Novo”, diz a reportagem do Les Echos.


Outro diário francês, o Libération, destacou a reação do ministro francês da Defesa, Hervé Morin, que criticou a possível escolha do caça sueco.
“É possível comparar o Rafale, que é como uma Ferrari, com o Gripen, que é semelhante a um Volvo?”, questiona o ministro.

O jornal Le Monde, por sua vez, comenta que a suposta preferência dos militares “contradiz o que manifestaram várias vezes o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Defesa, Nelson Jobim”.
“Ambos apoiam o Rafale, uma preferência que incluíam no âmbito de uma parceria estratégica com a França”, observa o diário.

O jornal lembra ainda que a polêmica é “mais um” ponto de conflito entre Lula e os militares, que já haviam protestado no fim do ano contra o projeto de criação de uma Comissão da Verdade para apurar as responsabilidades pelos crimes cometidos durante a ditadura militar (1964-1985).

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