O ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, reuniu-se nesta quarta-feira com o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, em Nova York, no mesmo dia em que os membros do Conselho de Segurança e a Alemanha voltaram a discutir o programa nuclear iraniano e a necessidade de uma solução rápida para o impasse.
O encontro de Ahmadinejad com Amorim - que representa o Brasil na reunião anual da Assembleia Geral da ONU, depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cancelou sua viagem a Nova York - foi realizado a portas fechadas, sem a presença da imprensa.
O ministro não comentou os pontos discutidos na reunião. Em ocasiões anteriores, Amorim disse que pretendia pedir a libertação de dois jovens americanos presos no Irã.
Na terça-feira, Amorim se reuniu com a americana Sarah Shourd, que estava presa com os dois jovens há mais de um ano e foi libertada na semana passada. Shourd agradeceu a ajuda do Brasil e pediu que o presidente Lula continuasse intercedendo pela libertação de seus dois companheiros. Ao sair do encontro com Ahmadinejad, o ministro apenas disse que Brasil e Irã têm uma boa relação.
" Uma boa relação sempre ajuda a resolver problemas. O presidente do Irã aprecia nossa sinceridade, o nosso desejo de trabalhar com a paz, e eu acho que isso terá bons efeitos em vários aspectos", disse Amorim.
Programa nuclear
O Brasil mantém uma relação próxima com o Irã e votou contra a imposição de novas sanções ao país persa - aprovadas em junho pelo Conselho de Segurança da ONU, apesar da oposição brasileira.
O encontro de Ahmadinejad com Amorim ocorreu no mesmo dia em que o grupo chamado P5+1, formado pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Rússia e China) e pela Alemanha, reuniu-se em Nova York para discutir o programa nuclear iraniano.
Em uma declaração conjunta, o P5+1 disse que quer o Irã de volta à mesa de negociações, mas que não pretende suspender as sanções contra o país até que o governo iraniano prove que seu programa nuclear é pacífico.
"Nós reafirmamos nossa determinação e comprometimento em buscar uma solução negociada para a questão nuclear iraniana e focamos nossa discussão em medidas práticas adicionais para obter (a solução) rapidamente", diz o comunicado, assinado pela ministra do Exterior da União Europeia, Catherine Ashton.
Sanções
Segundo o documento, em nome da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, e dos demais ministros do Exterior que participam das negociações, o grupo também discutiu a implementação das sanções aprovadas pelo Conselho de Segurança, "que refletem as preocupações da comunidade internacional com o programa nuclear iraniano".
"Nosso objetivo continua sendo uma solução negociada ampla e de longo prazo que restaure a confiança internacional na natureza exclusivamente pacífica do programa nuclear do Irã", diz a declaração.
A quarta rodada de sanções busca pressionar o governo iraniano a interromper seu processo de enriquecimento de urânio, por temor de que o país planeje secretamente produzir armas nucleares.
O Irã nega essas alegações e diz que seu programa nuclear é pacífico e tem o objetivo de gerar energia.
Pouco antes da aprovação da resolução no Conselho de Segurança, o Brasil e a Turquia haviam obtido um acordo com o Irã para tentar resolver a questão por meio do diálogo e evitar a necessidade de novas sanções. Esse acordo, porém, foi rejeitado pelos Estados Unidos e seus aliados.
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