domingo, outubro 17, 2010

Narcotráfico na Bolívia substitui gás como prioridade na agenda bilateral

O narcotráfico da Bolívia para o Brasil preocupa mais hoje o governo brasileiro do que o gás boliviano fornecido pelo país, que até recentemente era o principal assunto da agenda bilateral.

O governo brasileiro quer intensificar as reuniões com autoridades bolivianas para que, juntos, tentem encontrar uma saída para o problema do tráfico. A preocupação é em relação ao aumento da produção da folha de coca no território boliviano e do tráfico da pasta base da cocaína para o Brasil.

No Brasil, avalia-se se o caminho será convencer os bolivianos da erradicação da plantação ilegal de folha de coca, o que seria difícil pela tradição deste cultivo no país. Também está em discussão se o combate deveria ser através de repressão conjunta, serviço de inteligência e cultivos alternativos rentáveis. Todas as hipóteses estão sendo avaliadas pelo Brasil.

Prioridade

A questão da droga é debatida entre os dois países desde 1977. Mas ao longo deste período poucas reuniões foram realizadas para discutir a questão. Agora, porém, o assunto é visto como “prioridade” pelo Brasil e estes encontros tendem a ser mais frequentes.

O incremento do tráfico de cocaína e de sua pasta base já foi alertado pela Polícia Federal brasileira. Estima-se que hoje mais de 80% da cocaína consumida por ano no Brasil sejam provenientes da Bolívia.
O Brasil ofereceu, recentemente, o cultivo de palmito para substituir a folha de coca na Bolívia. Mas as diferenças entre os rendimentos financeiros entre um produto e outro acabaram arquivando a proposta.

Autoridades brasileiras passaram a ser preocupar mais com a droga boliviana depois que o presidente da Bolívia, Evo Morales, ligado aos sindicatos dos chamados “cocaleros”, expulsou a Agência Antidrogas americana (DEA, na sigla em inglês) do país. Eram vinte e cinco especialistas americanos que trabalhavam, principalmente, na área de inteligência.

O governo boliviano não tem recursos para substituir essa presença e espera contar com a ajuda do Brasil, como já foi anunciado, com helicópteros e aviões especiais para estas operações.
No entanto, a expectativa boliviana, de que o Brasil pagará esta conta, dificulta o entendimento.

A liberação destes equipamentos e recursos para o combate ao narcotráfico devem passar pelo Congresso Nacional e não estariam, segundo parlamentares governistas, na pauta de prioridades do Brasil hoje.

Produção

De acordo com dados das Nações Unidas (ONU) a área da folha de coca plantada na Bolívia aumentou 20% entre 2006 e 2008.

Também teria subido em 41% a produção estimada da pasta de coca boliviana.

No último fim de semana, o ministro de Governo da Bolívia, Alfredo Rada, informou que seis mil hectares de plantações de coca foram erradicados neste ano, quase mil hectares a mais do que no ano anterior. Ele disse que Brasil e Bolívia “estão fazendo esforços” para combater o narcotráfico "conjuntamente".

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