O governo britânico vai propor que trabalhadores desempregados há mais de um ano sejam obrigados a prestar serviços comunitários voluntários sob pena de perder o direito a benefícios.
As propostas são parte do pacote de reformas no sistema de bem-estar social da Grã-Bretanha promovidas pelo governo de coalizão conservadora-liberal-democrata.
Cerca de 5 mil de pessoas são beneficiadas pelo seguro-desemprego na Grã-Bretanha, onde o número de famílias sem trabalho é uma das maiores da Europa. A estimativa é que 1,9 milhão de crianças vivam em domicílios onde nenhum residente tem trabalho.
O governo alega que quer impedir que os desempregados vivam às custas do Tesouro e que beneficiários do seguro-desemprego realizem bicos não-declarados mesmo recebendo o pagamento.
"Uma coisa que podemos fazer é mobilizar as pessoas para realizar uma ou duas semanas de trabalho manual, para dar-lhes um senso de que estão trabalho, mas também quando suspeitarmos de que essas pessoas estão fazendo outros trabalhos", disse Duncan Smith.
"A mensagem é que elas se mexam, ou vai ser difícil."
Se não aceitarem o esquema ou demonstrarem negligência ao realizar os trabalhos, os beneficiários poderiam ter suspenso por três meses o pagamento do seu seguro-desemprego, que equivale a R$ 175 por semana (65 libras esterlinas).
Entretanto, a proposta levantou as críticas de outra parte da sociedade britânica, que defende que o governo simplesmente crie mais empregos na economia. Foi a posição da vice-líder do Partido Trabalhista, de oposição, Harriet Harman.
O governo tem sido acusado de tratar os desempregados por longos períodos como criminosos, por vezes obrigados a prestar trabalhos comunitários.
Outra voz contrária partiu do chefe da igreja anglicana, o arcebispo de Canterbury, Rowan Williams.
"Quem se encontra nesse ponto normalmente não é porque é má pessoa, estúpido ou preguiçoso, mas porque as circunstâncias estão jogando contra", disse o religioso.
"Quem já está batalhando para encontrar trabalho e um futuro seguro vai ser, eu acho, empurrado ainda mais para baixo, em uma espiral de incerteza, até de desespero."
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