As deportações de imigrantes ilegais atingiram números recordes nos Estados Unidos durante o governo de Barack Obama, considerado mais rígido que os anteriores na fiscalização desses casos e na aplicação de penalidades.
Além do maior número de deportações que seu antecessor, George W. Bush, o governo Obama também tem aumentado a fiscalização sobre empresas e estabelecimentos comerciais que contratam imigrantes ilegais.
Mais de 2,2 mil estabelecimentos foram investigados neste ano sob suspeita de empregarem imigrantes ilegais – em 2009, esse número foi de menos de 1,5 mil.
Segundo o Departamento de Segurança Interna, essas ações resultaram em acusações criminais contra quase 200 empregadores e mais de US$ 50 milhões (R$ 86 milhões) em multas.
Críticas
O governo americano diz que metade dos deportados no último ano fiscal eram criminosos já condenados e que estavam nos Estados Unidos ilegalmente.
Afirma ainda que cerca de um terço dos criminosos deportados haviam cometido crimes graves, como assassinato ou estupro.
Apesar das justificativas, o rigor empregado contra os imigrantes ilegais é recebido com críticas por alguns setores, que insistem na necessidade de uma ampla reforma das leis de imigração no país.
“Os imigrantes não estão apenas decepcionados com o governo Obama. Estão com raiva”, disse a ativista Sarahi Uribe, coordenadora nacional da campanha “Uncover the Truth” (Revele a Verdade, em tradução livre), que tem como foco a política de deportações do governo.
“Não conseguem acreditar que, sob o governo Obama, estejam sendo mais atacados do que já foram em décadas”, afirma Uribe.
“É simplesmente incrível que o governo vá a público dizer que sua política de deportações é um sucesso”, diz a ativista.
Desafio
A reforma das leis de imigração era uma das promessas de campanha de Obama, que foi eleito em 2008 com grande apoio dos imigrantes.
A promessa de aprovar as mudanças ainda no primeiro ano de mandato acabou adiada diante da crise econômica e da forte resistência da oposição republicana.
Obama enfrenta críticas dos dois lados: tanto dos que reclamam de rigidez excessiva e cobram uma solução mais rápida para legalizar a situação dos imigrantes que já estão no país, quanto daqueles que consideram as ações do governo brandas demais e querem maior rigor na fiscalização das fronteiras para impedir a entrada de ilegais.
Apesar de nos Estados Unidos as políticas de imigração serem responsabilidade do governo federal, muitos Estados analisam a adoção de medidas próprias para coibir a entrada de imigrantes ilegais.
O caso mais polêmico é o do Arizona, que em abril anunciou uma lei que torna crime estadual a presença de imigrantes ilegais.
A legislação provocou protestos, especialmente entre a comunidade hispânica, que considera a medida discriminatória.
A lei acabou entrando em vigor sem seus trechos mais polêmicos, que foram bloqueados pela Justiça à espera de uma decisão sobre sua constitucionalidade, mas vários outros Estados já consideram adotar medidas semelhantes.
Com quase 12 milhões de ilegais vivendo nos Estados Unidos, o tema da imigração é um dos principais desafios do presidente americano, que entra na segunda metade de seu mandato enfraquecido pela perda da maioria democrata na Câmara dos Representantes.(BBC NEWS)
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