sexta-feira, dezembro 03, 2010

'Economist' alerta para 'triunfalismo’ em pacificação de favelas no Rio

Os anúncios de “liberação” das favelas cariocas do Complexo do Alemão e a vitória sobre as gangues de traficantes serão “mero triunfalismo” se o governo não for bem-sucedido em manter o território, opina última edição da revista Economist em uma análise sobre as recentes operações policiais e militares no Rio. 

“Apesar de os traficantes terem sido claramente pegos de surpresa (pelas operações), eles certamente se reagruparão. Seu negócio (o tráfico de drogas) é muito lucrativo para ser abandonado sem uma luta maior”, diz a revista, acrescentando que as gangues “podem contar com aliados entre policiais corruptos”.

Outras “grandes inimigas do Rio” são as milícias, “controladas por policiais aposentados e fora de serviço que agora controlam tantas favelas quanto os traficantes”, continua a Economist.

Mas a revista faz a ressalva de que, pela primeira vez, há “vontade política de estender a cidadania às favelas” e que os moradores locais começam a acreditar que talvez possam contar com o Estado.

Ao falar das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), a reportagem diz que o modelo “envolve um ultimato para a saída dos criminosos (da favela), seguido de meses de forte patrulhamento e a chegada de recrutas novos e especialmente treinados para policiamento comunitário 24 horas por dia”.

‘Ponto de virada’

O resultado é que, apesar de o tráfico de drogas continuar a existir nesses locais, “ele é mais discreto, e os traficantes deixam de carregar armamento pesado”. Caem os números de assassinatos e de crimes como prostituição infantil, diz a Economist, e crescem as expectativas por melhores escolas, atendimento médico e opções de lazer.

Para a revista, muitos cariocas viram os acontecimentos recentes no Rio como “um ponto de virada em uma cidade que sofreu com décadas de má governança”.

“Por décadas, a polícia entrou (nas favelas) após episódios de violência em busca de vingança (contra traficantes), para depois recuar deixando para trás corpos e as gangues, que retornavam aos seus negócios. Mas, no mês passado, quando gangues começaram a atear fogo em carros, a resposta das autoridades foi diferente”, relata a Economist sobre as operações policiais no Alemão.

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