sábado, fevereiro 12, 2011

Cortes de R$50bi não mudam projeções de aperto monetário

Auxiliado por cortes no Orçamento e por medidas macroprudenciais anunciadas no ano passado, o Banco Central pode realizar um ajuste brando de alta do juro básico neste ano para segurar as pressões inflacionárias, com o mercado prevendo mais duas altas de 0,50 ponto percentual nos próximos dois meses.


Bastante aguardados pelos analistas, os 50 bilhões de reais de cortes do Orçamento da União anunciados nesta semana não mudaram o cenário do mercado. Embora alguns economistas tenham dito preferir cortes mais agressivos nas despesas, o consenso foi de que eles vão funcionar como uma boa ajuda à política monetária.

O cenário, no entanto, possui incertezas, como o ritmo de fato da desaceleração da demanda interna, a recuperação econômica global e os efeitos sobre as commodities, e a intensidade da transmissão das altas de alimentos no começo do ano para o restante dos preços.

Se essas variáveis surpreenderem para cima, o BC pode estender o aperto ou adotar mais medidas macroprudenciais como as de dezembro, quando elevou o depósito compulsório e encareceu o crédito de longo prazo para pessoa física.

Das 10 instituições financeiras consultadas, nenhuma mudou seu cenário para a Selic em 2011 depois do anúncio do governo.

Nove analistas estimam elevações de 0,50 ponto em março e em abril, fazendo com que o ciclo total neste ano seja de 1,50 --em janeiro, a Selic já foi elevada em 0,50 ponto, para 11,25 por cento. Um economista vê uma mais três altas de 0,50 ponto, terminando o ano a 12,75 por cento.

"Mantemos a percepção de que a taxa Selic será ajustada em 150 pontos-base, o que será complementado pelas medidas macroprudenciais já adotadas, e com efeitos já perceptíveis, e pelo ajuste fiscal anunciado, que sugere um importante esforço complementar de contenção da demanda", afirmou em nota Octavio de Barros, diretor de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco.

"Nossa percepção é que esse ajuste reforça a coordenação entre as políticas macroeconômicas e, com isso, contribui para que a alta total na taxa de juros seja relativamente pequena", acrescentou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário