O ministro das Finanças francês, François Baroin, confirmou na noite desta sexta-feira que a agência de risco Standard & Poor’s rebaixou a classificação dos títulos da dívida do país em uma escala. Com essa decisão, a França, segunda maior economia da Europa, perde a nota máxima, AAA, caindo para AA+.
'Não é uma boa notícia, mas não é uma catástrofe”, afirmou o ministro em entrevista ao canal de TV France 2, acrescentando que “não são as agências de risco que ditam a política da França".
Em um comunicado divulgado no final desta noite (pelo horário francês), a Standard & Poor’s anunciou, além do rebaixamento da classificação da França, a redução, em duas escalas, das notas das dívidas da Espanha, da Itália, de Portugal e de Chipre, e em uma escala da Áustria, da Eslováquia, da Eslovênia e de Malta.
Para Baroin, que descartou a possibilidade de um terceiro plano de austeridade no país, a nova classificação da dívida francesa, AA+, "é uma excelente nota” e é preciso “relativizar" o rebaixamento.
"Os Estados Unidos, a primeira economia do mundo, foram rebaixados (de AAA para AA+ pela mesma agência de risco em agosto passado). Os números (da economia americana) estão na boa direção e os juros (pagos pelos títulos da dívida do país) estão, paradoxalmente, mais baixos após a perda da nota máxima", disse o ministro francês.
'Meia surpresa'
Baroin afirmou ainda que a notícia da perda do AAA da França é uma "meia surpresa". No início de dezembro, a Standard’s & Poor’s havia alertado 15 dos 17 países da zona do euro que a agência estudava um eventual rebaixamento da classificação de suas dívidas.
Para o ministro, "é claramente a governança e a instabilidade da zona do euro" que motivaram a decisão da agência de risco e não as “questões orçamentárias” da França ou “as reformas estruturais” realizadas no país, como a da Previdência.
Além do possível impacto econômico, já que o rebaixamento da classificação da dívida provoca normalmente aumento dos juros pagos nos títulos soberanos, a perda do AAA da França também tem implicações políticas.
O rebaixamento da nota ocorre cem dias antes do primeiro turno das eleições presidenciais, em abril, e pode representar um golpe duro para o presidente Nicolas Sarkozy, que em seus discursos sobre a crise se posicionava, segundo seus críticos, como “salvador” da zona do euro.
O governo francês tenta relativizar o rebaixamento da dívida do país, mas ele já vem sendo apontado pela oposição como um sinal de fracasso da política de Sarkozy, que ainda não oficializou sua candidatura.
“A perda do AAA só tem um responsável: Sarkozy. O presidente disse que ele faria tudo para manter a nota máxima, mas ele fez o contrário. Em vez de estimular a retomada do crescimento, ele optou por planos de rigor”, disse Martine Aubry, secretária-geral do partido socialista.
“A consequência vai ser o agravamento da dívida da França e uma multiplicação dos planos de austeridade, que deterioram cada vez mais a situação da França”, afirmou a candidata da extrema direita Marine Le Pen, em terceiro lugar nas pesquisas de opinião.
A perda do AAA da França também tem implicações para a Europa, segundo analistas. França, que poderá ter de pagar mais caro para captar recursos no mercado (o país deverá emitir 178 bilhões de euros em títulos neste ano), poderá não dispor dos recursos prometidos ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira para ajudar os países da zona do euro em crise, como a Grécia.
Durante a tarde desta sexta, rumores de que a França deixaria o seleto grupo de países com a nota financeira máxima não afetaram seriamente a bolsa de Paris, que fechou em leve queda, de 0,11%.
Analistas estimam que o mercado já teria antecipado esse rebaixamento.(BBC)
'Não é uma boa notícia, mas não é uma catástrofe”, afirmou o ministro em entrevista ao canal de TV France 2, acrescentando que “não são as agências de risco que ditam a política da França".
Em um comunicado divulgado no final desta noite (pelo horário francês), a Standard & Poor’s anunciou, além do rebaixamento da classificação da França, a redução, em duas escalas, das notas das dívidas da Espanha, da Itália, de Portugal e de Chipre, e em uma escala da Áustria, da Eslováquia, da Eslovênia e de Malta.
Para Baroin, que descartou a possibilidade de um terceiro plano de austeridade no país, a nova classificação da dívida francesa, AA+, "é uma excelente nota” e é preciso “relativizar" o rebaixamento.
"Os Estados Unidos, a primeira economia do mundo, foram rebaixados (de AAA para AA+ pela mesma agência de risco em agosto passado). Os números (da economia americana) estão na boa direção e os juros (pagos pelos títulos da dívida do país) estão, paradoxalmente, mais baixos após a perda da nota máxima", disse o ministro francês.
'Meia surpresa'
Baroin afirmou ainda que a notícia da perda do AAA da França é uma "meia surpresa". No início de dezembro, a Standard’s & Poor’s havia alertado 15 dos 17 países da zona do euro que a agência estudava um eventual rebaixamento da classificação de suas dívidas.
Para o ministro, "é claramente a governança e a instabilidade da zona do euro" que motivaram a decisão da agência de risco e não as “questões orçamentárias” da França ou “as reformas estruturais” realizadas no país, como a da Previdência.
Além do possível impacto econômico, já que o rebaixamento da classificação da dívida provoca normalmente aumento dos juros pagos nos títulos soberanos, a perda do AAA da França também tem implicações políticas.
O rebaixamento da nota ocorre cem dias antes do primeiro turno das eleições presidenciais, em abril, e pode representar um golpe duro para o presidente Nicolas Sarkozy, que em seus discursos sobre a crise se posicionava, segundo seus críticos, como “salvador” da zona do euro.
O governo francês tenta relativizar o rebaixamento da dívida do país, mas ele já vem sendo apontado pela oposição como um sinal de fracasso da política de Sarkozy, que ainda não oficializou sua candidatura.
“A perda do AAA só tem um responsável: Sarkozy. O presidente disse que ele faria tudo para manter a nota máxima, mas ele fez o contrário. Em vez de estimular a retomada do crescimento, ele optou por planos de rigor”, disse Martine Aubry, secretária-geral do partido socialista.
“A consequência vai ser o agravamento da dívida da França e uma multiplicação dos planos de austeridade, que deterioram cada vez mais a situação da França”, afirmou a candidata da extrema direita Marine Le Pen, em terceiro lugar nas pesquisas de opinião.
Impacto na Europa
A França está ameaçada de entrar em recessão no início deste ano e também enfrenta problemas de aumento do desemprego.A perda do AAA da França também tem implicações para a Europa, segundo analistas. França, que poderá ter de pagar mais caro para captar recursos no mercado (o país deverá emitir 178 bilhões de euros em títulos neste ano), poderá não dispor dos recursos prometidos ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira para ajudar os países da zona do euro em crise, como a Grécia.
Durante a tarde desta sexta, rumores de que a França deixaria o seleto grupo de países com a nota financeira máxima não afetaram seriamente a bolsa de Paris, que fechou em leve queda, de 0,11%.
Analistas estimam que o mercado já teria antecipado esse rebaixamento.(BBC)
Nenhum comentário:
Postar um comentário