Juros curtos têm viés de alta após relatório de
inflação
As taxas futuras de juros curtas mostram leve viés de alta nesta quinta-feira
(27) com a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação, apresentado logo cedo
pelo Banco Central. Segundo analistas, a autoridade monetária não alterou o
discurso mais conservador que vinha adotando recentemente e os investidores, que
já precificavam majoritariamente a manutenção da Selic nos atuais 7,50% em
outubro, não tiveram motivos para inverter qualquer posição. Por outro lado, a
avaliação do BC de que o cenário internacional continuará desinflacionário no
médio prazo acabou pressionando os juros longos para baixo, uma vez que pode
significar que a reversão do ciclo de afrouxamento demorará um pouco mais para
se materializar.
Assim, ao término da negociação normal na BM&F, a taxa projetada pelo
DI janeiro de 2013 (570.735 contratos) estava em 7,28%, de 7,26% no ajuste. A
taxa do contrato de juro futuro para janeiro de 2014 (324.040 contratos) marcava
7,74%, ante 7,73% na véspera. Entre os longos, o DI janeiro de 2017 (72.080
contratos) indicava 9,09%, de 9,12% na quarta-feira. O DI janeiro de 2021, com
giro de 2.315 contratos, apontava 9,76%, ante 9,80% no ajuste.
No Relatório, o BC realmente incorporou a desoneração para o setor de energia
anunciada recentemente pelo governo, mas as projeções foram até mais
conservadoras do que o esperado pelo mercado. Para o fim de 2013, houve redução
da expectativa dentro do cenário de referência, de 5% para 4,9%. Como o próprio
diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton, afirmou que o
impacto da redução na conta de energia anunciada pelo governo para o próximo ano
será de 0,50 ponto porcentual para baixo no IPCA de 2013, os agentes dizem que o
BC enxerga piora em outros segmentos, como para os preços livres. Mas Hamilton,
ao comentar o Relatório, detalhou que a autoridade monetária vê riscos para
baixo nas suas projeções de inflação em 2013.