O consumo das famílias avançou pelo 26º trimestre seguido, crescendo 6,7% na comparação entre o segundo trimestre de 2010 e o mesmo período do ano anterior. Em relação ao trimestre imediatamente anterior, na série livre de efeitos sazonais, o consumo também registrou alta. Contudo, o crescimento de 0,8% sobre os primeiros três meses de 2010 representou a quarta queda consecutiva, nesta base de comparação. Ainda assim, o crescimento acumulado no primeiro semestre chegou a 8,0%, o maior em toda a série histórica.
Apesar da trajetória de desaceleração apresentada pelo consumo das famílias desde o segundo trimestre de 2009,quando registrou uma expansão, na margem, de 3,1%, as expectativas para o seu desempenho no decorrer do segundo semestre são otimistas, levando-se em conta o atual ambiente econômico do país. Com a retirada das isenções tributárias em alguns setores importantes da economia no final do primeiro trimestre, e o início do aperto monetário no mês seguinte, os agentes econômicos, que já haviam antecipado algumas decisões de consumo, e já se encontravam com um grau de endividamento elevado, reduziram seus gastos com novas aquisições, fazendo com que a taxa de crescimento do consumo voltasse a cair.
Após este período de acomodação, há indícios de que o ritmo de expansão do consumo das famílias pode voltar a acelerar. Além da interrupção do ciclo de aumento da taxa básica de juros, em virtude do arrefecimento ocorrido nas taxas de inflação, os fundamentos que vinham estimulando as decisões de consumo continuam presentes na economia.
Tanto o mercado de trabalho quanto o mercado de crédito seguem apresentando resultados positivos e, apoiados pela manutenção do crescimento da massa salarial, têm contribuído para manter o ânimo dos consumidores num patamar elevado. De acordo com as pesquisas Sondagens do Consumidor, da Fundação Getulio Vargas (FGV), e o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio), os níveis de confiança dos consumidores, após um período de estabilidade durante o primeiro e parte do segundo trimestres de 2010, voltaram a apresentar melhora substancial (ver gráfico 1.4). Corroborando as boas perspectivas acerca do comportamento do consumo para o restante do ano, outra pesquisa sobre o tema, produzida pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), o Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (INEC) registrou expansão de 2,1% na passagem de julho para agosto deste ano, sendo este o maior valor da série histórica do INEC, iniciada em 2001.
Além de apontar para uma elevação na confiança do consumidor, a pesquisa destaca ainda a subida nas intenções de aquisição de bens com maior valor agregado. A melhora do ambiente econômico na percepção das famílias pode ser atestada, também, pelo Índice de Expectativas das Famílias (IEF)1 referente ao mês de setembro, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostrando que, além do otimismo em relação à atual situação financeira, as famílias relataram queda no grau de endividamento, o que é reflexo direto da estabilidade que indicadores de inadimplência têm mostrado.
Grande parte desta melhora é consequência da evolução do rendimento médio real dos trabalhadores, que tem mantido uma trajetória consistente de crescimento. Some-se a isso o resultado dos dissídios envolvendo a renovação dos acordos trabalhistas de importantes categorias, como as de petroleiros e metalúrgicos, por exemplo.
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