quarta-feira, novembro 03, 2010

Califórnia rejeita legalização da maconha

Os eleitores da Califórnia rejeitaram a legalização da maconha para uso recreativo no referendo de terça-feira, segundo os primeiros resultados da apuração.

Com 89% dos votos apurados, 54% dos eleitores votaram "não", confirmando pesquisas de boca de urna divulgadas pela CNN, Fox News e LA Times.

A Proposta 19 previa a legalização da posse de até 28 gramas de maconha, o uso em locais privados e o plantio de até 2,3 metros quadrados da erva para pessoas acima dos 21 anos de idade.
Na Califórnia, qualquer eleitor pode propor um referendo, desde que ele consiga o número mínimo de assinaturas. A campanha pela legalização da maconha, liderada por um ativista e um consultor político, conseguiu mais de 694 mil assinaturas.

O referendo - realizado juntamente com as eleições parlamentares americanas - chamou a atenção do país inteiro porque criaria uma incompatibilidade entre a legislação estadual e a legislação federal sobre a questão.
No mês passado, o procurador-geral dos Estados Unidos, Eric Holden, disse que "aplicaria vigorosamente" a lei federal em relação à maconha na Califórnia, mesmo que a proposta 19 fosse aprovada.

Defensores famosos

Os defensores da legalização - que incluem personalidades como a atriz Susan Sarandon e o bilionário George Soros - dizem que a taxação sobre a venda da droga traria uma considerável receita extra para o Estado e permitiria que policiais e o poder judiciário se concentrassem em lutar contra drogas mais pesadas.
Mas os críticos alegam que a legalização da maconha prejudicaria o desempenho acadêmico dos estudantes e aumentaria o número de acidentes no ambiente de trabalho. O governador do Estado, Arnold Schwarzenegger, e a Casa Branca comemoraram a derrota da proposta.

"Hoje, os californianos reconheceram que legalizar a maconha não vai tornar nossos cidadãos mais saudáveis, resolver o problema orçamentário da Califórnia ou reduzir a violência ligada às drogas no México", declarou o diretor para Política de Drogas da Casa Branca, Gil Kerlikowske, após a divulgação dos primeiros resultados.

"O governo Obama foi claro em sua oposição à legalização da maconha porque pesquisas revelam que o uso de maconha está associado a internações voluntárias para tratamento de vícios, acidentes fatais sob influência de drogas, doença mental e admissão em setores de emergência nos hospitais."

'Resultado positivo'

Apesar da rejeição pelos eleitores, ativistas pró-legalização disseram ver o resultado como algo positivo.
"Sempre soubemos que seria uma batalha difícil", disse à rede de TV CNN Steve Gutwillig, diretor da Drug Policy Alliance.

"Mesmo com a derrota, a proposta 19 claramente levou a legalização da maconha para o centro da política americana", declarou ele, dizendo que o assunto deve ser votado novamente em vários Estados americanos junto com as eleições presidenciais, em dois anos.

O uso medicinal da maconha já é liberado na Califórnia e em outros 13 Estados americanos. E apesar de ter se declarado contrário à legalização, o governador Arnold Schwarzenegger recentemente mudou a lei estadual tornando a posse da droga apenas uma infração em vez de uma contravenção.
Agora, adultos pegos com maconha no Estado vão receber uma multa de US$ 100, mas não vão ter ficha criminal.

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